quarta-feira, 24 de novembro de 2010

La Mansión, Buenos Aires

Fachada da La Mansión
Era uma mansão na rua Cerrito, em Buenos Aires, construída em 1916 pelo arquiteto Robert Prentice, sob encomenda de Felix de Alzaga Unzué, onde moraria com a sua noiva, Elena Peña. Hoje em dia é chamada de La Mansión, e faz parte da propriedade do hotel Four Seasons Buenos Aires desde 2001.

Ao todo, o casarão com forte influência francesa de Louis XIII oferece ao hóspede sete suítes, cinco salões de banquete, que podem ser alugados para ocasiões especiais, tal como no tempo em que Madonna esteve na capital argentina para o lançamento do seu longa-metragem Evita, sobre a vida de uma das figuras mais importantes do país, Eva Péron. Mas não foi apenas a musa do pop que esteve lá aproveitando a decoração Belle Époque rodeada de mármore importado. Outras personalidades também ocuparam o local, como: Michael Jackson, a atriz Catherine Zeta-Jones, o ator Hugh Grant, além dos brasileiros Fernando Henrique Cardoso, Xuxa e Pelé. Se quiser, também pode se hospedar aqui: a diária da suíte custa oito mil dólares. Ou simplesmente degustar o brunch, repleto de doce de leite e outros quitutes saborosos, que é servido todos os domingos, das 12h às 16h.

Salão l'Été é pintado de ouro 18 quilates
Com elementos arquitetônicos espanhóis, a casa levou três anos para ficar pronta. Os tijolos e as pedras para a fachada principal e para o exterior foram importadas de Paris. No saguão de entrada, iluminado por uma claraboia central arredondada, há uma escadaria de mármore e um vitral. As colunas de mármore, as molduras no teto trabalhadas e a parede de mármore (sendo metade de Carrara, metade de carvalho esloveno) completam a decoração. O salão principal é pintado de ouro 18 quilates, uma ostentação sem tamanho, mas muito comum para a época, principalmente porque Buenos Aires, no início do século 20, era conhecida como a “Paris da América do Sul”.

No primeiro andar, dois quartos principais, cada um com closet e banheiro privativo, tudo em mármore rosa português bege e verde claro. E um deles tem estilo inglês, embora o restante seja francês. As sete suítes do primeiro andar foram redecoradas para refletir a elegância experimentada pelo restante do local e apresentam um estilo neoclássico francês aperfeiçoado com tonalidades contemporâneas para completar o design confortavelmente elegante. As suítes Royale favorecem um estilo próximo ao Belle Époque italiano e as suítes do segundo andar incorporam estilo mais íntimo, utilizando projetos provinciais franceses, com estofamento da época, como Toile de Jouy, usado em painéis de paredes e tecidos.

Imponente escada na entrada
Já a suíte presidencial tem nada menos que 200 metros quadrados. A sala de banho, toda de mármore de Carrara, ganhou misturador de ouro. E há dois: um para ele e outro para ela, ambos com orquídeas na decoração. O closet tem armário para roupa de verão e outro para inverno, simples assim. Embora a mobília não seja original, uma vez que depois que a família se mudou, muita coisa precisou ser refeita e restaurada, foi toda adquirida de antiquário. 

A restauração aconteceu em 2007 e, como dizem, foi para transformar o hotel “da Belle Époque ao Wi-fi”. Ou seja: alta tecnologia para acesso a internet, além de televisores modernos, de LCD, mas, claro, sem perder todo o charme e a história que estão impressos na decoração, no ambiente, no serviço. Os espaços para reuniões, onde estão os afrescos, as colunas, os mármores e as superfícies de pedra parisiense original, adornados com detalhes de folhagem dourada, foram todos repaginados. Assim como o lustre das pedras de carvalho e cedro e o teto em estuque, comparados aos da Casa de Ópera de Colon, e, para tanto, foram utilizadas técnicas de limpeza. Para enriquecer os detalhes arquitetônicos do interior, assim como para melhorar a funcionalidade, nova iluminação foi incorporada.

A viagem no tempo é um dos pontos altos de La Mansión. E o melhor: bem pertinho daqui!

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A jornalista Tatianna Babadobulos viajou a Buenos Aires a convite do Silversea, do hotel Four Seasons Buenos Aires e da British Airlines

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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Olímpia, Grécia

Templo dedicado a Hera, deusa da família e do ciúme, irmã e esposa de Zeus
Ao pensar em Olimpíada, o que vem à sua mente? Esse que é um dos eventos esportivos mais importantes do mundo começou muito antes de o Brasil ser descoberto. Aliás, muito antes mesmo. Os primeiros Jogos Olímpicos aconteceram em 776 a.C. em Olímpia, localizada a 360 quilômetros do aeroporto internacional de Atenas, capital da Grécia. E, como se pode imaginar, foi justamente por conta deste santuário que a competição, que acontece a cada quatro anos, recebeu o nome de Olimpíada.


São muitos os motivos para conhecer o local, não apenas por sua importância histórica e tudo o que se pode conhecer e aprender em uma visita. Só a paisagem do trajeto já vale a viagem. Apesar de haver trens que saem todos os dias da capital, alugar um carro pode ser uma boa pedida. Isso porque, no caminho, é possível fazer uma pausa no Canal de Corinto, que tem pouco mais de seis quilômetros de comprimento e liga o golfo de mesmo nome ao mar Egeu, tornando o Peloponeso uma ilha. A construção foi feita para facilitar a navegação, para que as embarcações não precisassem dar uma volta imensa de 400 quilômetros. Embora sua escavação tenha começado no século 1, quando o imperador romano Nero ordenou, o projeto só foi concluído em 1893.


Ainda que sejam realizados passeios de barco turísticos no Canal, a vista do alto, ou seja, da própria estrada, já vale a pena, principalmente por conta do azul turquesa do mar.

Aos aventureiros radicais, uma dica: no Canal de Corinto são realizados saltos de bungee jump com a equipe Zulu Bungy. Durante o outono europeu e quando é considerada baixa temporada, o local está aberto aos finais de semana, exceto quando está chovendo. O salto custa 60 euros e, com mais 10 euros, você tem o seu salto gravado em DVD. E, como dizem os instrutores, só é preciso estar pronto, pois as informações e as instruções são conseguidas na hora.

Voltando no tempo
No início, a Olimpíada era um festival religioso realizado em homenagem a Reia, mãe de Zeus, o deus dos deuses. Depois, a festa passou a ser realizada para honrar e agradar o próprio Zeus e as pessoas se reuniam durante cinco dias, a cada quatro anos, para fazer oferendas e celebrar deuses e heróis mitológicos. A reunião era também para assistir aos jogos, uma vez que, durante a comemoração, eram realizadas competições de lutas, corridas de cavalos e carruagens e pentatlo (salto em distância, corrida, arremesso de disco, lançamento de dardo e luta livre).

No entanto, cerca de 400 anos depois, em 392 a.C., Roma julgou o evento como uma festa pagã e destruiu o santuário para acabar com a brincadeira. Os Jogos Olímpicos, portanto, só foram retomados, na Era Moderna, em abril de 1896, quando foram realizados em Atenas. Na ocasião, competiram 311 atletas de 13 países.


Além do esporte
Com tantos tesouros da arte grega, tais como monumentos, estátuas e objetos de mármore, a cidade é um verdadeiro museu a céu aberto. Aliás, há o aberto e o fechado, cujas peças foram recolhidas na própria cidade e levadas para o Museu Arqueológico de Olímpia, aberto para a Olimpíada de Atenas, em 2004. O evento recebeu 10.500 competidores vindos de 201 países, e consumiu 6 bilhões de euros. Na ocasião, as provas de arremesso de peso aconteceram em Olímpia.

No museu é possível conferir, em seis idiomas, a história dos Jogos Olímpicos, em ordem cronológica, desde a pré-história até o início da Era Cristã. Há troféus de louros, estátuas de mármore, coleções de bronze e de terracota e toda sorte de objetos que fizeram parte das olimpíadas de todos os tempos. Entre as coleções, há ornamentos do Templo de Zeus que datam do século 5 a.C. Mas uma das obras que mais chamam atenção é o busto de bronze do deus, em cuja parte inferior há uma cena gravada dele juntamente de Apolo. Com entrada gratuita, além de objetos, há uma parte multimídia.

No Sítio Arqueológico, que fica do outro lado do rio, o passeio no meio das ruínas é ao longo do ginásio, que ainda não foi descoberto em sua totalidade. Para se ter uma ideia, a academia onde os jovens atletas treinavam também era o local onde eles aprendiam filosofia. Afinal de contas, estamos falando do berço da civilização ocidental e de onde viveu Sócrates, pai da filosofia.

As escavações que começaram no século 19 em Olímpia ainda continuam. A primeira começou em 1875, liderada pelo governo alemão. Os arqueólogos escavaram a parte central do santuário, incluindo os templos de Zeus, Hera, Metroon, Bouleuterion, Philipeion, Palaestra etc., e os objetos encontrados somam 14 mil unidades.

O Templo de Zeus é a mais importante construção e é considerado por muitos como o mais perfeito exemplo da arquitetura dórica. Atualmente, apenas uma coluna foi reconstituída e restaurada para ficar totalmente pronta para a Olimpíada de Atenas.

Outro templo importante é o dedicado a Hera, deusa da família e do ciúme, irmã e esposa de Zeus. É no seu templo o local onde é acesa a tocha olímpica antes do início dos jogos atuais.

Uma vez lá, aproveite para caminhar, sem pressa, entre as diferentes áreas, que são cobertas por árvores repletas de pássaros cantando. O bosque sagrado de Zeus, ou Altis como os antigos o chamavam, possui plátanos e oliveiras dedicados a ele.

Embora a cidade seja pequena e dê para visitá-la em um único dia, passear pelos museus de uma vez pode se tornar entediante. Portanto, se não der para ir a todos, não se afobe. Fique uma noite hospedado por ali e volte no dia seguinte. Se os dias no país estiverem apertados, relaxe e veja o que for possível, contente-se com pouco, mas com qualidade. Assim, o passeio e a aula de história que vem embutida não se tornam um estorvo, mas um programa infinitamente prazeroso.
 
Como chegar
A partir de Atenas, é possível ir para Olímpia de:

Trem – O trem viaja pela rota Atenas-Patras-Pyrgos e deve ser tomado na Stathmos Peloponnisou (estação Peloponeso). De Atenas, tome a linha C para a cidade de Pyrgos, que fica a 17 quilômetros de Olímpia. Informações: (210) 51-31-601

Ônibus – Os terminais de ônibus ficam na Kifissou street 100 (também chamada de Stathmos Kifissou). Lá, peça um tíquete para Olímpia (em grego, Arxaia Olympia). Informações: (210) 51-34-110

Carro – Há duas rotas. A considerada mais fácil é via Patras: Patras, Pyrgos e Olímpia. A mais difícil, mas com a melhor paisagem, é via Vytina, e são 30 quilômetros a menos. A direção é Trípolis e Corinto, mas depois do túnel há a direção para Olímpia através das montanhas de Arcádia.

Atrações
Bungee Jump – Saltos radicais no Canal de Corinto com equipe Zulu Bungy. Informações: (30) 274-104-9465 / (30) 6932-70-25-35

Museu Arqueológico de Olímpia – Um dos mais importantes museus da Grécia, apresenta uma longa história dos mais celebrados santuários da Antiguidade, além do templo de Zeus, deus dos deuses. Informações: (30) 262-402-2529

Sítio Arqueológico – É o museu a céu aberto de Olímpia e o local onde, de fato, aconteciam os Jogos Olímpicos. Lá é possível conferir as ruínas do ginásio e dos templos importantes, como o de Zeus e de Hera.
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(Leia a matéria completa e veja as fotos publicadas originalmente no UOL.) 

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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Paris, além da Torre Eiffel

Paris pode ser muito mais que a Torre Eiffel
Melhor do que ir a Paris, é voltar a Paris. Isso porque, na primeira vez, tem-se a obrigação de fazer alguns passeios, conhecer o trivial. Mas ver tudo na estreia é impossível, até porque a cidade oferece diversas opções de cultura e entretenimento que quatro dias, uma semana, não são suficientes. Portanto, voltar a Paris é ter novamente a oportunidade de continuar de onde se parou, de rever os melhores momentos e de explorar tantos outros.

Pont Alexander III: uma das mais belas sobre o Sena
Então, nada de Torre Eiffel, Arco do Triunfo, Museu do Louvre. Quando se volta a Paris, é a oportunidade de visitar cafés e restaurantes da moda, fazer compras, passear, passear, passear. E, quando quiser dar uma parada para descansar, ou simplesmente fazer nada, caminhe à margem do Rio Sena, contemple suas pontes (a Alexandre III é linda!, a des Arts é mítica), escolha um dos lindos parques e jardins, acomode-se em um dos bancos do Jardin des Tuileries, do Jardin du Louxembourg, da Place des Vosges e veja a vida passar lentamente.

Sair sem destino. Essa é uma das boas pedidas na capital francesa. Escolha um arrondissement e vá caminhando. Por ser uma cidade plana (com exceção da região de Montmartre), Paris convida o visitante a andar. E, assim, é possível descobrir novidades sempre, principalmente no quesito bistrôs e cafés. Não se limite aos mais conhecidos (passe longe do Starbucks Coffee, esse tem aqui!), pare, entre, conheça as novidades, experimente as baguetes durante um almoço rápido, coma um macaron de framboesa ou de chocolate como sobremesa, abuse do vinho nacional.

Le Saut du Loup: restaurante no Musée des Arts Décoratifs
Foi assim, aliás, que conheci o restaurante Le Saut du Loup, que fica no Musée des Arts Décoratifs, próximo ao Musée du Louvre. Das mesas na varanda tem-se a visão, de um lado, da pirâmide do museu mais famoso do mundo; do outro, a Torre Eiffel. E, se for no verão, quando o sol se põe por volta das 22h, o visual no horizonte é incrível! Para beber, o local oferece uma extensa carta de vinhos, inclusive champagnes. Para comer, Salmão ao molho pesto e tagliatelle, Costeleta de vitela ao parmesão e purê de batatas, Pernil de cordeiro assado com ervas e legumes.

Ainda no quesito gourmet, caso prefira um mais convencional, ou seja, um típico restaurante francês, a Brasserie Lutetia, localizada no Hôtel Lutetia (que fica na Rive Gauche e completa 100 anos), é descontraído e perfeito para um almoço. Só não se esqueça de fazer a reserva, ou você pode chegar e ficar apenas olhando os outros se esbaldarem.

Les Ambassadeurs: com autêntico serviço à francesa
Agora, se você é do tipo que prefere compartilhar um belo jantar ao lado da aristocracia francesa (ok, há muitos turistas lá também!), sua opção pode ser o Les Ambassadeurs, no Hôtel de Crillon (próximo à Place de la Concorde), que foi reinaugurado recentemente. Ocupando o antigo salão de baile do hotel, o restaurante oferece uma gastronomia reconhecida como uma das melhores da capital francesa. O lugar impressiona por sua grandiosidade e pompa, mas também por sua decoração estilo Luis XV, e concebida à época pelo arquiteto Jacques-Anges Gabriel: marchetaria com seis diferentes tipos de mármore e imponentes lustres de cristal. A carte traz pratos com coelho, foie gras, lagosta, caviar, sempre leves e saborosos, no melhor estilo francês. Na parte de vinhos, há brancos, tintos e champagne, todos nacionais, é claro.

Moderno
A tal globalização, aliás, trouxe um quê de modernismo, ainda que os parisienses não gostem tanto dessas inovações. No metrô, onde era possível ver os passageiros lendo seus livros ou o noticiário gratuito que lá é distribuído entre uma viagem e outra, hoje em dia a maioria fica de olho em seus celulares, já que existe sinal, trocando mensagens, jogando, fotografando.
Outra prova é a presença maciça da Apple – um ícone tipicamente americano. Já são duas lojas na capital francesa: uma no Carrousel du Louvre e outra próxima ao metrô Opéra, que foi inaugurada recentemente.

Ver filas enormes na porta dos museus (principalmente no primeiro domingo de cada mês, quando a entrada é gratuita), ou até mesmo na porta da Chanel ou da Louis Vuitton vá lá, mas nunca imaginei que ela se formaria na Apple, quando chegou o iPhone 4 no país, em junho. Ali, presenciei turistas e moradores que dividiam a ansiedade em conseguir nem que fosse tocar no aparelho criado pela empresa de Steve Jobs.

Quem já tem o aparelho, mesmo que seja versões anteriores, ou até mesmo o iPod Touch, pode se valer de um poderoso aplicativo, o Metro Paris Subway, que inclui os mapas oficiais do metrô e de trens, além de oferecer uma precisa localização das ruas com ajuda do Google Maps.
Para conseguir conexão sem fio (wi-fi), aliás, a Mairie de Paris (prefeitura) disponibiliza diversos pontos: ao todo, são 400 locais, nos 20 arrondissements parisienses: em jardins, bibliotecas, museus. Cada um tem duas horas gratuitas por dia e, para saber onde encontrar, este mapa oferece as localizações. Boa viagem!

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