sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Hong Kong


Lugar onde o ocidente e o oriente se encontram. Essa talvez seja a melhor definição de Hong Kong, cidade localizada do outro lado do mundo e que, até 1997, era território britânico. Como ficou nas mãos do Reino Unido desde a Guerra do Ópio, em 1842, as influências europeias são nítidas, mesmo agora, que trata-se de uma cidade chinesa. Ao mesmo tempo em que vemos o povo oriental com seus olhos puxados, a mão da rua é ao contrário.

Ao todo, Hong Kong conta com cerca de oito mil edifícios com mais 14 andares. Mas não é apenas dos grandes prédios, da diversão na Victoria Harbour e dos noodles que o local vive. A cidade, aliás, é muito mais que uma cidade: 40% de sua área total é compostas por parques e reservas naturais.

Por ser mais cosmopolita que a China, quem ganha é o turista, que consegue se virar melhor do que do outro lado da baía de Shenzhen, onde está o restante do país. Sem contar ainda a quantidade de executivos engravatados que estão ali para trabalhar, já que Hong Kong é um centro financeiro com economia capitalista desenvolvida e uma das mais liberais do mundo. Segundo o Banco Mundial, Hong Kong ocupa a 30ª posição no mundo na economia e é o quarto Tigre Asiático, ao lado de Cingapura, Taiwan e Coreia do Sul.

Vale lembrar que a cidade tem um alto grau de autonomia em todas as áreas, com exceção de política externa e defesa, sua própria moeda (dólar de Hong Kong e não o yuan renminbi da China), seu aeroporto internacional e política própria de imigração. Brasileiro não precisa de visto para entrar em Hong Kong, mas precisa para entrar na China, por exemplo.

Se redes sociais como Facebook e Twitter, além do YouTube, são bloqueados na China, o acesso aos respectivos sites aqui são liberados. A cidade ainda é considerada zona franca, mas é bobagem achar que vai encontrar na disputada loja da Apple o último lançamento da marca. É preciso fazer reserva pelo site e aí, caro leitor, é missão praticamente impossível.

Passear por Hong Kong é assim: um enorme contraste de pessoas, de idiomas, mas sem deixar de lado as belezas das ruas, do luxo da ilha impresso principalmente nas butiques das grifes europeias que fazem os visitantes sonhar com sapatos, bolsas, relógios de maisons como Piaget, Longchamp, Louis Vuitton, Jimmy Choo e por aí afora.

Cultura
Assim como em toda China, a população de Hong Kong leva o feng shui a sério, que começa com os projetos de construções. Os localizados próximos ao rio, onde há água corrente, são os mais valorizados. Muitos edifícios, como o do hotel Four Seasons, não possuem o número do piso que tem um 4. Isso porque a pronúncia do número assemelha-se à palavra “morte”. Em contrapartida, o 8 soa como “prosperidade”. Em outras palavras, dinheiro.

Com pouco mais de 367 metros de altura, a torre onde está instalado o Bank of China é considerada o símbolo de Hong Kong. A obra tem assinatura do arquiteto chinês-americano I.M. Pei e a forma assimétrica do edifício é de geometria pura, e tem sido comparada a uma planta de bambu. Há especialistas, porém, que dizem que o projeto, baseado em triângulos, não é favorecido, pois a forma é semelhante ao kam chap – urnas usadas para guardar os despojos dos mortos.

No cinema, Hong Kong ganha destaque principalmente nos filmes que incluem artes marciais. São nativos de lá artistas como Bruce Lee, Jackie Chan, Jet Li, além dos diretores John Woo, Wong Kar-Wai. Lee, aliás, possui uma estátua em sua homenagem na Avenue of Stars, que fica ao longo da Tsim Tsa Tsui, em Kowloon. Trata-se de uma versão asiática/oriental da calçada da fama de Hollywood. Bom passeio para um fim de tarde, quando as luzes dos edifícios do lado de lá da Victoria Harbour começam a acender. Um espetáculo! Depois, basta escolher uma entre as centenas de opções de restaurantes por ali e aproveitar!


Passeios
Ir a Hong Kong e não conhecer o Buda Gigante é como ir ao Rio de Janeiro e não ver o Cristo Redentor. A estátua do buda fica em Ngong Ping com uma espetacular vista da montanha de Lantau Island. Para chegar lá, é possível ir de metrô e depois pegar o teleférico que leva ao topo da montanha.

Neste trajeto, porém, há duas opções de cabines: com vidro ou sem. Na primeira, o vidro vai até o chão e permite a visão da paisagem do lado de fora em todas as direções! No caminho, do alto, preste atenção no aeroporto de Hong Kong, que foi construído sobre o mar. E  prepare-se para avistar o buda, distante, provavelmente encoberto de nuvens!

A figura do buda sentado, com a mão direita levantada como forma de abençoar a todos, levou 12 anos para ser finalizada. Para chegar até o local é preciso subir uma longa escada com mais de 200 degraus. É como quando o visitante chega à basílica parisiense de Sacré-Coeur, no alto da colina, em Montmartre. Os pecados já começam a ser pagos no primeiro degrau! Aqui, porém, não há opção do funicular. É preciso respirar e ir! Na volta, há restaurantes para um lanche rápido, Starbucks Coffee (como as outras centenas espalhadas pelo país) e um imbatível gelato italiano.

Outro passeio na cidade combina The Peak com o Madame Tusseauds. Também localizado no alto de uma montanha, The Peak une belas vistas a compras e jantares. Para começar, a subida é feita com um antigo trem, que sobe 396 metros acima do nível do mar. Do alto, a vista que se tem remete às Paineiras, no Rio de Janeiro, um local com mata nativa, próxima ao Cristo. A vista da Tower Peak, torre em formato de meia lua (e lembra o hotel Unique, em São Paulo), é de 360º. É ali perto também que está o famoso Madame Tussauds, museu de cera que tem unidades em Londres, Nova York, Hollywood, Berlim e muitas outras cidades no mundo. Além de artistas asiáticos, como Jackie Chan e Mao Tsé-Tung, é possível tirar fotos ao lado de Angelina Jolie e Brad Pitt, Barack Obama, Lady Di, Alfred Hitchcock e até Homem-Aranha.

O local das baladas atende pelo nome de Lan Kwai Fong, uma rua repleta de pubs que, obviamente, atraem principalmente os ingleses que estão por ali atrás de cerveja quente…

Uma das suítes do Four Seasons Hotel


Onde ficar
Com vista para a Victoria Harbour, o Four Seasons Hong Kong reúne opções para os dois públicos que frequentam a região: empresários e famílias. A localização é perfeita, já que é parte do International Finance Centre (IFC), complexo no coração do distrito central que abriga ainda um centro de compras de luxo à la Shopping Cidade Jardim, em São Paulo.

Não é à toa, aliás, que o hotel está sempre cheio. A temperatura agradável da região ajuda, já que é sempre mais quente do que na China, embora no inverno, principalmente em janeiro, os termômetros cheguem a 5ºC. Em novembro, enquanto em Pequim as mínimas atingiam 4ºC, em Hong Kong a mínima era de 23ºC.

Com salas de reunião, sala para coffee break e happy hour, piscina com vista privilegiada para a baía (incluindo borda infinita) e fitness center, o hotel ainda oferece todos os aparatos para bebês, como banheira, berço, amenities (da francesa Mustela), umidificador de ar. Para quem quer relaxar, uma pausa no SPA não faz mal a ninguém.

Um dos tratamentos tem a duração de uma hora e meia e inclui esfoliação corporal, banho e hidratação corporal. Mas o tratamento já começa quando o visitante chega à sala de massagem. Os janelões com vista para a Victoria Harbour são um convite à contemplação. E, como não há nada na frente, as cortinas podem ficar abertas principalmente durante o banho na banheira. Há ainda um tratamento contra jet lag. E, após um voo duplo de 12 horas (e fuso horário de 10 horas a mais quando no Brasil estamos em horário de verão), nada mais apropriado.

Caprice é o francês do hotel e possui carta de vinhos com mais de mil rótulos


Para comer
Há três restaurantes no Four Seasons, além do Blue Bar, opção para quem prefere ficar nos petiscos e nos drinques. Quanto aos restaurantes, um deles é The Lounge, local onde geralmente pode-se saborear o delicioso café da manhã à la carte, com opções de verdadeiros breaksfasts americanos e chineses. Há ainda sugestões mais leves, com muffins de blueberry (uma tentação!), e outros pães e geleias francesas, chá inglês (servido com leite, claro) e o doce chocolate quente, acompanhado de marshmallow. No mesmo local é servido almoço e jantar ao som do piano ao vivo.

O tradicional restaurante cantonês é o Lung King Heen, com suas mesas redondas e prato giratório ao centro, pois, como é tradicional naquele país, bom mesmo é compartilhar os pratos. Já o Caprice é o restaurante francês. Logo na entrada, um grande lustre de cristal dá as boas-vindas ao visitante, juntamente com a vista da janela: de tirar o fôlego! Além de almoço e jantar, o Caprice oferece um bar anexo e lounge para drinques, e sala privativa. A cozinha contemporânea do chef Vincent Thierry é inspirada em terra natal, com produtos trazidos da França, bem como uma variedade de ingredientes produzidos localmente. Já a parte de pâtisserie fica aos cuidados da criativa chef Marike van Beurden.

Os mini macarons são de dar água na boca! O sommelier Sebastien Allano é o responsável pelas larga seleção dos mil (!) rótulos de vinhos, provenientes em sua maioria da França. A carta, aliás, é dividida por região daquele país e de todos os outros fornecedores, como Itália, Alemanha, Eslovênia, Hungria, Líbano, Portugal, Espanha, Austrália, Chile, Argentina e, claro, da própria China.

Tanto o restaurante cantonês quanto o francês receberam três estrelas no guia Michelin Hong Kong Macau 2012. A quarta edição do guia premiou os dois restaurantes pelo terceiro ano consecutivo e o Four Seasons Hotel Hong Kong é o único no mundo que possui dois restaurantes três estrelas sob o mesmo teto!

Mais do que andar pelas ruas de Hong Kong, perfeita mesmo é a vista da Victoria Harbour à noite. Difícil é escolher se a vista é melhor de um lado ou do outro da ilha, principalmente quando as luzes dos imponentes skylines começam a acender. Eu já escolhi o meu lado favorito. Depois me diga você, caro leitor, de qual lado prefere estar ao entardecer!

Four Seasons Hotel Hong Kong 8, Finance Street, Central, Hong Kong, China