sexta-feira, 13 de abril de 2012

Xangai

Xangai: uma das cidades mais novas da China que reserva surpresas encatadoras ao turista que procura por compras, passeios e boa comida!

Em Xangai, arquitetura moderna é destaque na cidade chinesa


Foi apenas em 1927 que Xangai ganhou o status de cidade. Cidade nova, portanto, para os padrões mundiais, sobretudo para a China, país que tem mais de quatro mil anos de história. A partir da dinastia Yuan, em 1292, Xangai era designada como um condado, administrado pela prefeitura de Songjiang. Antes disso, durante a dinastia Song (960-1279), Xangai era uma vila, com economia baseada na pesca e no setor têxtil, e ganhou status de cidade-mercado em 1074.

Xangai é uma das maiores cidade da China e um importante centro industrial e financeiro, principalmente por conta de seu grande porto, ganhando maior importância no século 19. O nome da cidade, grafado Shanghai, pode ser traduzido  como “no mar”. Por ser banhada pelo mar da China Oriental e por ficar junto à foz do rio Yang-Tsé, Xangai se desenvolveu.

A capital do país, Pequim, não tem a mesma importância financeira, tanto quanto tem Xangai. E, apesar da elevada densidade populacional, o custo de vida não se compara ao custo de quem vive em Hong Kong, por exemplo. Lá é tudo mais caro, ainda que Xangai seja mais cara que Pequim. Para se ter uma ideia da bandeirada do táxi, em Pequim é 10 yuan renmimbis, em Xangai 14 e, em Hong Kong, 20 dólares de Hong Kong. (Em 12 de abril de 2012, 10 yuan renmimbis equivalem a 2,89 reais e 12,30 dólares de Hong Kong.)

Xangai é mais cosmopolita que Pequim, mais moderna. A arquitetura é mais europeia, ao contrário da capital. Pequim possui muitos estrangeiros, mas a qualidade deles em Xangai é maior: gastam mais. As lojas de grife, principalmente europeia, estão por toda parte. Assim como é mais efervescente à noite, com restaurantes para todos os gostos.

Estive em Xangai por três dias, e foi do aeroporto de Pudong que partiu o meu voo de volta para o Brasil. Então, antes de começar a dura jornada sobre os mares, fiquei três dias no centro da cidade. Era fim de novembro, fazia frio e chovia assim que cheguei. Escolhi o Four Seasons Hotel, localizado próximo à Nanjing Road, para me hospedar. O atendimento foi dos melhores. E, para sair do hotel, a localização é excelente, já que é na Nanjing Road que estão diversas lojas e opções de restaurantes. E dá pra fazer tudo a pé.

Para ir mais longe, é fácil conseguir um táxi. Porém, como a comunicação fica complicada, já que os taxistas não falam inglês, o concierge do hotel escreve o endereço pretendido no idioma deles. E, para retornar, o mesmo cartãozinho contém o endereço do hotel. Perigoso, por se tratar de um cinco estrelas? Talvez, mas não tive problema nenhum e fui e voltei o tempo todo que quis.

Apenas uma experiência ruim com o taxista: quando mostrei o endereço de um restaurante que pretendia ir, o motorista me disse que não sabia chegar ao local e pediu que eu descesse e procurasse outro táxi. Quando contei o evento a uma gerente do hotel, ela me disse que essa prática é normal, e evita que o motorista fique dando voltas desnecessárias e enrolando o cliente. Ah…

Pois bem. Apesar de Xangai ter diversos estrangeiros zanzando por suas ruas e avenidas, nunca será suficiente para que você, ou eu, no caso, passe despercebido. Os ocidentais, de maneira geral, são sempre alvo dos chineses. Chamamos atenção por  nossos olhos amendoados por onde quer que passemos. E eles não têm pudor: vêm puxar assunto, com o inglês que estão aprendendo atualmente na escola. E querem saber de onde você vem: “Sou brasileira, ba xi da”, digo, no idioma deles. O grupo de adolescentes de Pequim, que passa férias em Xangai, cai na risada e quer saber o que uma garota como eu faço sozinha pelas ruas frias da cidade. “Estou em férias. E vocês, o que fazem a esta hora na rua?”, pergunto, já que estamos passeando sem destino pela Praça do Povo (People’s Square), no distrito Huangpu. Tal como em Pequim, a praça é protegida (existe uma passagem subterrânea para chegar lá), mas cheia de lagos, árvores e muita, muita gente. Em cinco minutos de conversa descobrimos as diferenças culturais, lembramos-nos do jogador Ronaldo (que eles pronunciam “Lonaldo”) e como essa troca é importante para ambos os lados.

Quando digo que vou ao museu, no mesmo distrito, uma das meninas diz que não é hora, que o melhor é acompanhá-los a um chá. Declino ao convite e sigo para o Museu de Xangai, onde, novamente, sou abordada por um jovem casal de chineses. Vivem em Xangai mesmo. Mas desta vez aproveito o papo e peço para tirar fotos minhas em frente ao monumento. Várias, digo. E, entre um clique e outro, conversamos um pouco sobre o Brasil, São Paulo e a vida de turista na China.

Porcelana é um dos itens do Museu de Shanghai


No museu, pude conhecer um pouco da antiga arte chinesa nos quesitos porcelanas e mobiliário, por exemplo. Há trajes típicos, papiros e outros objetos em exposição. E muita gente, é claro.
O atual prédio do museu, localizado na People’s Avenue, foi construído em 1993 e inaugurado em 12 de outubro de 1996. O projeto tem assinatura de um arquiteto local, que traz topo redondo e a base quadrada, simbolizando o antigo conceito chinês do mundo como “céu redondo, terra quadrada”.

Ao todo, são mais de 120 mil peças, incluindo bronze, cerâmicas, caligrafia, mobiliário, jades, moedas antigas, pinturas, esculturas, arte das minorias e da arte estrangeira divididas em 11 galerias e três salas para exposições temporárias.

Outro passeio interessante é o Old French Concession, que fica em Puxi Central (distrito de Huangpu), com as lojinhas de souvenires e perfeitas para quem busca porcelana, principalmente jogos de chá completos.

As lojas de grife, como Louis Vuitton, Ermenegildo Zegna, Cartier, Tiffany & Co., a francesa Sephora ficam próximas à disputada Apple, loja de dois andares na galeria Kong Kong Plaza, que fica no número 282 da Huaihai Zhong Road.

Adega do Kartel oferece cerca de 250 rótulos de vinhos


Badalar
O Kartel é um wine bar que funciona no quinto e último andar de um prédio em Shanghai French Concession, um bairro que mistura residências com comércio em uma convivência harmoniosa, com prédios de arquitetura que misturam estilos europeu e chinês. E os dois designers responsáveis pelo ambiente, Thomas Dariel e Benoît Arfeuillere (do Dariel Studio), queriam brincar com esses contrastes, para ser elegante e provocar a herança do distrito onde está localizado.

No final de novembro, quando fazia muito frio e chovia na cidade, o terraço não pode ser usado, mas o lado de dentro é extremamente confortável, com decoração despojada e moderna, com paredes de concreto expostas, mostrando o aspecto da arquitetura original do ambiente. Antigas banheiras fazem às vezes de sofás, e os chuveirinhos remetem ao utensílio de banho. O mobiliário também é bem cuidado, com influências asiáticas e europeias, como a cadeira que remete à Dinastia Ming (1368-1644).

No bar, toca jazz bem agradável, além da incrível vista da cidade. Kartel existe há menos de seis meses em Xangai e o responsável é Vincent Landais, um francês que vive há três anos na cidade. Os coquetéis são de autoria de Sebastien Bornefois, que veio do Bar Rouge, um dos mais badalados de Xangai. De vinho, ao todo são 250 rótulos, mas a carta vai mudando. Nas mesas, a rotatividade é grande e metade dos frequentadores é ocidental. O sommelier, que veio do sul da França, viveu quatro anos em Nova York. “Vi a oportunidade e resolvi tentar. Não tenho vontade de voltar para a França neste momento”, conta Landais. “É bom viver ‘over seas’. Amo o meu país, mas não pretendo voltar.”

Ele conta que veio para Xangai a convite de um amigo, que queria um embaixador do vinho. “Aqui há tradições e muitas pessoas. É como Nova York há 20 anos. E a cidade precisa de tudo pra continuar crescendo. Pensei em abrir um wine bar, já que não havia. Há muita coisa a ser feita na cidade. Tóquio é ainda o melhor lugar para se comer. Mas talvez Xangai chegue lá”, acredita.

Qin The SPA é uma das delícias descobertas do Four Seasons Shanghai


Onde ficar
Four Seasons Hotel Shanghai é um dos pontos de encontro dos executivos que frequentam a cidade. Estrutura para atendê-los é que não falta, incluindo o business center e um restaurante no último andar perfeito para os coffee breaks. O café da manhã, em sistema de bufê, é uma ótima pedida. Os garçons são atenciosos, incluindo um deles que vinha me perguntar sobre a programação do dia. Foi ele, aliás, quem me recomendou o museu, principalmente por conta da chuva.

O restaurante chinês do Four Seasons, o Si Ji Xuan, oferece almoço com uma larga seleção de pratos; no jantar, há opções de especialidades chinesas e frutos do mar frescos. No menu, está a culinária cantonesa, ou seja, aquela que estamos mais acostumados e é menos condimentada do que usualmente é no restante na China. Há ainda o Steak House, em estilo ocidental, que funciona apenas no jantar e traz cortes de carne, frutos do mar e uma extensa seleção de saladas.

Outro serviço importante do hotel é o SPA, que acaba de ser reformado e é um  verdadeiro deleite, principalmente para melhorar os efeitos colaterais do jet lag. Qin The SPA é um santuário urbano que oferece tratamentos corporais e faciais, incluindo para casais. Ao todo, são mais de 35 tratamentos de beleza inspirado em rituais antigos e métodos de tratamento da tradicional medicina chinesa. Há ainda service de manicure e pedicure, espaço para consulta de acupuntura, além de reflexologia. Há ainda saunas separadas para homens e mulheres, salão de cabeleireiro que funciona em um andar diferente. Tudo para que o hóspede se sinta completo. E em casa, mas sem esquecer que está desfrutando de serviços cinco estrelas. Simples assim!

Four Seasons Hotel Shanghai 500, Weihai Road, tel.: 86 (21) 6256-8888
Kartel 1, North Xiangyang Road, 5º andar, Xangai
Shanghai Museum 201, People’s Avenue, Xangai, tel.: 86 (21)6372-3500