quarta-feira, 25 de julho de 2012

Plaza Athénée

Suíte com decoração clássica: tal como as suítes que ocupam seis andares do Plaza

Já seria excelente se hospedar no Plaza Athénée, hotel na Avenue Montaigne, a mais luxuosa em Paris, por seu serviço, por seus restaurantes terem como chef o renomado Alain Ducasse. Mas há algo a mais. O hotel está próximo à Avenue des Champs-Élysées (a avenida mais famosa do mundo) e monsier Christian Dior costumava ficar aqui quando ainda trabalhava com Yves Saint Laurent, antes de ter a sua própria grife.

Segundo dizem, por gostar muito do hotel, Dior escolheu a avenida para abrir a sua primeira loja. Além dele, outras tantas celebridades selecionaram o Plaza Athénée para serem recebidas durante a sua estada na Cidade Luz.

Nos corredores do subsolo há paredes e mais paredes com fotos dessas pessoas importantes que passaram por aqui, seja da alta costuma, seja do cinema, da música, da política etc. De tempos em tempos, um filme é rodado no Plaza. Um dos mais recentes foi Alguém tem que Ceder, com Jack Nicholson. Além dele, já pisaram o tapete vermelho do Plaza Roman Polanski, Marlene Dietrich, Grace Kelly, Bono Vox, Sarah Jessica Parker. E mais uma lista imensa de celebridades.

Terrace Eiffel Suite
Por falar em Sarah, foi o Plaza Athénée que a sua personagem mais célebre, a jornalista Carrie Bradshaw, do seriado Sex and the City, escolheu para se hospedar durante seus dias na cidade. As cenas dentro do hotel são deslumbrantes, principalmente porque ela fica na Terrace Eiffel Suite, inaugurada em 2006, com vista para a Avenue Montaigne, o rio Sena e, claro, para a Torre Eiffel. As janelas da suíte oferecem visão 360º para o céu de Paris e seus telhados organizados por Georges Haussmann. Isso porque ele foi convocado pelo imperador Napoleão III a transformar Paris da então cidade medieval, para a moderna capital que vemos hoje. O estilo adotado ficou conhecido como estilo francês.

Inaugurado em 1913, o Plaza Athénée fica perto do Champs-Élysées Theatre. Não precisou muito para que o hotel e seus restaurantes se tornassem destino certo dos habitués do teatro que apresentava peças até tarde da noite.

Foi a partir de 1947, porém, que a avenida assistiu à nova transformação. Naquele seu ateliê, monsier Dior costurou o que ficou conhecido como new look e revolucionou a moda feminina. Pouco a pouco, a avenida começou a receber as grandes maisons, como Chanel, Gucci, Dolce & Gabanna e tantas outras.

Ao todo, o Plaza possui 191 quartos distribuídos em oito andares. Dois deles são decorados no estilo art déco (com linhas geométricas); os outros seis, são clássicos. Há quatro suítes master, de 180 a 500 metros quadrados, destino certo principalmente de reis e presidentes. De acordo com Isabelle Maurin, diretora de comunicação do hotel, os hóspedes vêm, principalmente, dos Estados Unidos, Rússia e do Brasil. Ela conta que a embaixada do Brasil na França era próxima ao hotel, que por isso costumava receber muitos brasileiros. “Recebemos o apelido de ‘grande pequeno hotel’”, diz Isabelle, referindo-se ao local aconchegante, agradável e com serviço de primeira.

Embora o hotel tenha passado por duas grandes Guerras – foi inaugurado um ano antes do início da Primeira Guerra Mundial –, não serviu como hospital, tal como aconteceu com o Lutetia e outros hotéis chiques de Paris. Ele sempre foi chique, mesmo durante as guerras, e assim continua até hoje.
Em 2008, para dar continuidade à história de Dior no Plaza, a marca foi escolhida para abrir o SPA no subsolo do hotel. Na parede, croquis assinados por Dior, além de uma grande tela de TV com o último desfile da marca.

O local é clássico, todas as cabines são da mesma cor e o cliente ainda pode comprar os cremes para dar continuidade ao tratamento em casa. A academia é aberta ao público e há um vestiário com armários e todos os apetrechos para o banho ao final.

O Plaza Athénée tem serviço personalizado e o hóspede pode escolher até o tipo do travesseiro que prefere. O café da manhã é servido no quarto exatamente no horário escolhido. Como experiência, em um dos dias que fiquei hospedada, marquei o café para 5h30 (sim, jornalista sofre…) e, pontualmente, alguém batia a porta. Comentei com o garçom que ele estava no horário e ele me respondeu: “Fazemos o possível para atender”. E, por duas vezes que pedi o café no quarto, o horário foi rigorosamente cumprido. Uma pontualidade britânica, mesmo em Paris.

Alain Ducasse au Plaza Athénée, restaurante três estrelas no Guia Michelin

Restôs
Para conhecer a cozinha de um dos chefs mais famosos do mundo, o Plaza Athénée é o destino. Desde 2000, o chef Alain Ducasse supervisiona todos os restaurantes do hotel. Isabelle explica que nada pode ser mexido no cardápio sem autorização de Ducasse. Nem precisa. O restaurante Alain Ducasse au Plaza Athénée, três estrelas no Guia Michelin, tem decoração de Patrick Jouin, discípulo de Philippe Starck e premiado em Milão. Para o local, onde também é servido o café da manhã, o decorador escolheu o estilo Louis XV. Os três lustres no teto são de fazer o visitante perder o fôlego, tamanha é a grandiosidade. Mas de cair o queixo, mesmo, é o menu, que traz uma nova visão da alta gastronomia francesa.

Le Relais Plaza é o bistrô chique do hotel, local escolhido por muitos parisienses que passam por ali e que navegam pelo mundo da moda, dos negócios e do show business. Na última quarta-feira de cada mês acontece o evento Swing’in Relais, com apresentação de jazz. Na segunda segunda-feira do mês, é a vez do Harmonies du Soir. O cardápio é típico das brasseries parisienses. Já La Galerie des Gobelins é o local que fica aberto até a meia-noite e o preferido das pessoas que estão de passagem ou aguardando para jantar. Ali é possível pedir drinques e petiscos.

Foi em 2 de maio que La Cour Jardin reabriu as suas portas com novo cardápio com toque mediterrâneo. O ambiente é incrível, rodeado de verde não apenas no jardim, mas também nas paredes do hotel, com sua trepadeira que forra a fachada inteira, dando ar e cores da primavera parisiense. Não há friozinho que os aquecedores não resolvam. Se chover, os enormes guarda-chuvas dão conta do recado. No inverno, o cour (pátio) se transforma em uma pista de patinação no gelo para as crianças. Local ideal para brincar no Natal, não?

Embora o cardápio seja assinado por Alain Ducasse, o chef de La Cour Jardin é Christophe Marleix. Entre as sugestões, pratos elaborados com lagosta, peixe e carne. O filé com nhoque gratinados é excelente e ao ponto ideal. De sobremesa, sorvete para refrescar a noite!

Le Bar du Plaza é um dos hot spot que precisam ser conhecidos

O bar do Plaza é um caso à parte, um dos hot spot que precisam ser conhecidos, mesmo que você não esteja hospedado no hotel. A decoração é impecável, incluindo um fogo virtual na lareira. O lado de fora foi criado depois que começou a ser proibido fumar internamente. A diretora de comunicação o compara com os bares de Nova York e afirma que ele tem a ver com a cidade. “Muita gente vem conhecer e pode ter sido este o motivo que Sarah Jessica Parker tenha escolhido o hotel para gravar o episódio final do seriado Sex and the City”, explica Isabelle.

No cardápio, petiscos e uma lista enorme de drinques inusitados, apresentados pelo garçom no iPad. Se preferir comer algo que não conste do menu do bar, é só pedir. Os garçons, atenciosos, solicitam para a cozinha do outro restaurante.

Para a temporada, o diretor do bar, Thierry Hernandez, e Sophie Labbé, uma das mais talentosas designer de perfumes do mundo, criaram, juntos, Printemps. Primeiro começaram com a pesquisa de um perfume e de um coquetel que pudesse encantar o paladar e o nariz. Os dois, portanto, uniram suas experiências e criaram o drinque e o perfume que se completam. E, ao pedir a bebida, o cliente leva L’Elixir de Printemps de lembrança para casa.

Outro destaque gastronômico do Plaza Athénée é a criação de Christophe Michalak e Jean-Marie Hiblot, que prepararam doces incríveis não apenas no sabor, mas também na aparência. Na vitrine localizada em La Galerie des Gobelins, o hóspede se encanta com as formas de chocolate: chinelo de dedo (em alusão ao verão), ursinho, barra com o signo personalizado do cliente, entre muitos outros. Luxo e atenção que poucos hotéis têm condições de oferecer ao hóspede e que fazem toda a diferença!

Hôtel Plaza Athénée 25 avenue Montaigne, 75008, Paris, tel.: (0) 1 53 676 665

*A jornalista Tatiana Babadobulos viajou a Paris a convite do Comité Colbert

terça-feira, 24 de julho de 2012

Pequim, China

Grande Muralha da China se estende até os olhos perderem de vista

A decisão de atravessar o mundo para conhecer a China não é fácil. Já havia pensando em ir para a Austrália, conhecer suas praias, lugares bonitos e gente simpática, que também fica, literalmente, do outro lado mundo. Porém, nunca imaginei que passaria 30 dias na comunista China, com sua culinária nada convencional.

Nas minhas últimas férias contrariei qualquer expectativa e, quando me dei conta, estava fazendo as malas e embarcando para Xangai, uma das portas de entrada para o país. Primeiro destino seria uma província que nunca tinha ouvido falar. Chongqing, já ouviu? Este local, que não sabia existir, no enorme mapa do terceiro maior país do planeta, pasme!, é a maior província do mundo! Chongqing, no Centro Oeste da China, tem 37 milhões de habitantes.

Cidade Proibida, um dos passeios imperdíveis
 
Primeira parada - Pequim
O que tem para fazer em Pequim, ou Beijing, como dizem os chineses, capital da gigante China? Na cidade, escolhi o albergue a fim de ter companhia, comida internacional e banheiro ocidental. Isso porque a comida chinesa que estamos acostumados a comer no Brasil não é a mesma que é servida em Pequim. A que conhecemos só é encontrada na região do Cantão. Em Pequim, a comida é muito mais apimentada. Nem o McDonald’s se livra da pimenta. O único combo é o Big Mac, este igual no mundo inteiro. O prato mais famoso é o Pato de Pequim.

O banheiro também é diferente. O vaso é no chão e não como estamos acostumados. As mulheres precisam ficar de cócoras para fazer xixi, por exemplo. São poucos os locais adaptados, principalmente após a Olimpíada de 2008, quando o país recebeu centenas de milhares de turistas ocidentais para o evento esportivo.

Por ser a capital e destino de muitos turistas, em Pequim os ocidentais não chamam tanto a atenção como em Chongqing. No interior, os  moradores apontam os turistas nas ruas, por reconhecerem seus olhos amendoados. E conversam, puxam assunto e querem saber de onde você é, o que faz da China. De qualquer maneira, dificilmente um ocidental passa despercebido. A comunicação em Pequim é difícil. Poucas pessoas falam inglês, mas a mímica resolve. Principalmente porque os chineses têm boa vontade.

Fica a uma hora de Pequim a Grande Muralha da China, maior construção feita pelo homem que se extende por mais de oito mil quilômetros e teve como objetivo proteger o país durante a China Imperial. Na verdade, a Grande Muralha são diversas muralhas, construídas durante várias dinastias ao longo de dois milênios (começou em 221 a.C. e terminou no século 15, durante a Dinastia Ming).

É possível acessar a muralha em três pontos: Badaling, a 80 quilômetros de Pequim, o ponto mais perto e, portanto, mais cheio. Mutianyu fica a 100 quilômetros e é mais vazio. E Jinshanling está a quase três horas da cidade e é pra quem gosta de aventura! Para subir Mutianyu, a opção que escolhi, há como ir de escada ou pegar o teleférico, muito mais divertido e permite ao viajante apreciar o visual do alto.

Chegando lá, é surreal! A construção continua até os olhos perderem de vista, como se não tivesse fim! Andei, andei, sem parar. Na entrada, há um mapa com dicas do que poderá ser visto. Escolhi o lado esquerdo e andei, andei, sem parar. A altitude, somada ao frio do fim do outono,  além do vento que soprava, era de doer os ouvidos. Mas eu estava na Grande Muralha e o zumbido não me faria parar de andar, apreciar a paisagem e ouvir diálogos do mundo inteiro. E chinesas belíssimas posando para o fotógrafo durante ensaio de moda.

Se subir de teleférico é divertido, escorregar do alto em tobogans especiais, em alta velocidade, é diversão garantida! A descida leva uns 10 minutos e o carrinho lembra aqueles usados pelos personagens do filme “Jamaica Abaixo de Zero”. Na saída da Muralha, é a hora de apreciar a culinária. Como vai muitos turistas, eles economizam na pimenta.

A capital mais antiga do nosso calendário revela sítios e vestígios históricos e culturais, como o Palácio Imperial e o Palácio de Verão. Há ainda a Cidade Proibida e a Praça da Paz Celestial que, para chegar lá, é preciso passar por uma segurança que tem detetor de metais.

Ninho do Pássaro, palco da abertura da Olimpíada
Outro passeio divertido é o Ninho do Pássaro, palco da abertura dos Jogos Olimpícos de 2008. O local é aberto ao público e o visitante pode conhecer o lado de dentro.

O dinheiro chinês é o Renminbi ou RMB. Em novembro de 2011, um real era capaz de comprar 4 RMB. Hoje, diminuiu para 3 RMB. Mesmo assim é fácil se sentir rei no país. Para compras, o ideal é Yashow, um mercado enorme, como se fosse a matriz da rua 25 de março, o comércio popular de São Paulo. É possível encontrar de tudo. São sete andares com muita coisa, incluindo roupas e cacarecos de toda sorte, além de cosméticos e acessórios. O único porém é a origem do produto que, muitas vezes, é falsificado ou genérico.

Uma dica: jamais pague o preço que eles pedem. Jamais! Esse lugar é conhecido pela pechincha. Assim, reserve paciência e pechinche. Por  exemplo: uma calça custa, a princípio, 1.200 RMB. Mas pode chegar a 130 RMB.

Bem próximo, na Sanlintun, bairro das embaixadas, está o comércio de luxo, com grifes europeias e norte-americanas, como Lanvin, Alexaner McQuenn, Montblanc, Apple, Miu Miu, Balenciaga, Versace, Emporio Armani, Furla, Loubotin e outras, que provam que os chineses não estão brincando de serem consumistas.

Barraca onde é possível encontrar espetinhos de escorpião

Na estação de metrô Wang Fu Jing está a culinária esquisita de Pequim. Escopião, barata, lagartixa não são coisas que eles comem  normalmente. Vi até chineses se espantando com as iguarias. Mas provar, nem pensar!

Outro passeio interessante é o Temple of Heaven, um complexo de construções religiosas visitado por imperadores das dinastias Ming e Qing para cerimônias anuais de oração para o céu para boa colheita. Boa pedida para você também pedir o que quer!