Itacaré: ecoturismo levado a sério
Localizada ao norte de Ilhéus, no sul da Bahia, a cidade atrai turistas do mundo todo
Praias bonitas, sol quente, boa comida, cultura e hospitalidade baiana. Assim é Itacaré, cidade localizada a 65 quilômetros ao norte de Ilhéus, terra de Jorge Amado, no sul da Bahia. Antiga fazenda de cacau e coco, o local é conhecido como Costa do Cacau, mas ficou no esquecimento por muito tempo, já que o acesso não era nada fácil. Em 1998, porém, a sorte da cidade começou a mudar, quando foi inaugurada a Estrada Parque Ilhéus-Itacaré. A iniciativa colocou-a de vez no mapa e hoje atrai (eco) turistas do mundo inteiro, que vêm para o Brasil desfrutar das belas praias e do sossego que ainda impera por ali.
Uma das características das praias é justamente ser totalmente diferente das outras nordestinas, sempre quilométricas. Ao contrário, Itacaré é recortada por morros cobertos por vegetação de Mata Atlântica (preservado graças à sombra que essas plantas ofereciam ao cacau). Sem contar os milhares de coqueiros espalhados por todas as praias, sem exceção, que dão o charme que tanto encanta os turistas.
A cidade é bem pequena, com casarões maltratados e apenas o Solar da Marquesa e o Casarão Amerelo, uma mistura de restaurante com galeria de arte e boate, foram restaurados. A igreja de São Miguel, que data de 1723, está sendo restaurada atualmente. Nas ruas principais, a da Pituba e a Lodônio Almeida, estão localizados os bazares com lembrancinhas, restaurantes um ao lado do outro com comida baiana e internacional (a pizzaria Beco das Flores tem a redonda com massa fina e recheio de carne de sol que é deliciosa) para ninguém passar fome. Os internautas mais aficionados também não vão sentir saudades do computador, porque por lá proliferam os cybercafés com acesso rápido, gravação de CD e impressão de fotos digitais. Vale dar uma rápida pesquisada para pagar menos.
E é próxima a estas duas ruas que está localizada a primeira praia de Itacaré: a da Concha, onde está a maioria das pousadas baratas. É lá, aliás, que todo mundo se junta, todas as tardes, para assistir ao sol se pôr no Rio das Contas.
Seguindo por uma trilha (ou pela estradinha), é possível chegar às quatro praias próximas ao centro da cidade. Elas são divididas por morros e é possível passar por cima das pedras para contemplar o visual e ir mudando de praia quando enjoar da anterior. A do Resende é a primeira, local de surfistas que se preparam na areia fazendo aquecimento e alongamento ante s de cair no mar. Também há aulas de capoeira e muita gente zen meditando e fazendo tai chi chuan. Vencido o morro de pedras, Tiririca é o point dos surfistas de verdade, onde acontecem campeonatos mundiais (mais um fato para atrair os gringos). A praia do Costa é a terceira, pequena, estreita e sem nenhuma cabana vendendo água de coco ou refrigerante. Bom para sossegar, mas deserta demais.
Por fora, chega-se à praia do Ribeira, que possui um rio que desemboca ali, e onde há mais infraestrutura com mesinhas e cadeiras de plástico, fato que atrai famílias inteiras que vão comer queijo coalho, tomar água de coco e brincar de bola e raquete na areia. É a partir de lá que sai a trilha que leva à Prainha, considerada pelos nativos e publicações especializadas como uma das dez mais bonitas do Brasil (eu só concordo se a praia do Sancho, em Fernando de Noronha, constar desta mesma lista).
A primeira advertência ao turista desencanado é que ele não deve ir à Prainha sozinho. Primeiro porque ele vai se perder na trilha de quase uma hora de caminhada que não é sinalizada. Segundo porque há indícios de que têm ocorrido assaltos no meio da mata, motivo pelo qual há guardas a cavalo vigiando e alguns seguranças de fazendeiros locais. Mas a opção para se chegar à Prainha com o máximo de mordomia é se hospedando no condomínio Villas de São José e ir de van, no sossego.
A Prainha é considerada uma linda praia porque é cheia de coqueiros em toda a sua extensão e, como é difícil de chegar, é calma, não tem gente barulhenta e a natureza impera, de modo que há apenas uma pequena cabana vendendo bebidas para matar a sede dos que se aventuram pela trilha.
Outras boas opções de praia são a Havaizinho, de onde se tem uma vista panorâmica sem igual. Já a praia é bem pequena e cheia de pedras. Por uma trilha bem fácil, equipada com degraus e corrimão, chega-se a Engenhoca, de águas quentes de sem infra. Apenas um rapaz faz o serviço de bordo com água de coco e petiscos. A trilha segue rumo a Itacarezinho. Quem vai de carro pela estrada precisa pagar R$ 5 para estacionar. A barraca que oferece a infra no local está sozinha e por conta disso tem o preço um tanto salgado.
A cachoeira do Tijuípe também tem infraestrutura de lugar grande, com um restaurante que serve comida caseira e bebidas para quem se aventura a entrar nas suas águas geladas.
Para ser VIP, o lugar é aqui
Para uma hospedagem VIP na cidade, o Itacaré Village, localizado dentro do condomínio Villas de São José, dá conta do recado. São quatro mil metros quadrados de área construída, 44 apartamentos distribuídos em cinco Villages. Em frente ao hotel está a praia de São José, praticamente exclusiva aos hóspedes (quem quiser pode desfrutar por um dia, pagando uma taxa). O charme fica por conta dos coqueiros que estão por toda a extensão, das espreguiçadeiras de madeira, das cabanas de sapê e do serviço de primeira.
Como o Village está distante da portaria do condomínio, uma van faz o traslado pela estradinha de terra que passa entre a reserva natural particular (75%, num total de 175 hectares de área, são formados por Mata Atlântica preservada), há também cavalos, emas, macacos e mais variedade de vegetação por metro quadrado do que possui a Floresta Amazônica.
Ao fazer o check-in, o hóspede é recepcionado por uma deliciosa água de coco e um mensageiro acompanha até o quarto, que para ser acessado é preciso pegar um trilha. Um outro mimo oferecido ao turista é uma carta, em papel reciclado, oferecendo boas-vindas. Com ampla varanda, os quartos são ou de frente para o mar ou para a Mata Atlântica, onde também há o rio Canoeiro, bom lugar para andar de caiaque e deixar as crianças brincarem na água, uma vez que as ondas do mar são fortes.
Na parte do condomínio de casas há mansões que pertencem, a metade, a estrangeiros europeus e americanos. Um novo projeto está sendo lançado pela construtora, o Villa Coqueiral, com 17 bangalôs pré-projetados, com três modelos diferentes. O projeto prevê, a longo prazo, 180 casas, com 185 metros quadrados de área construída, em um terreno de mil metros quadrados, piscina com deck com vista para o mar e três suítes. Outra opção menor é a casa com duas suítes e 159 metros quadrados. A obra fica pronta em 10 meses e custa de R$ 495 mil a R$ 865 mil, fato que tem atraído muitos estrangeiros que vêem nas casas um ótimo investimento e excelente vista para a praia.
Além dos gringos, há brasileiros de Minas Gerais, de São Paulo e do Rio de Janeiro comprando as casas para passar as férias (já que o condomínio conta com a infra-estrutura do hotel) e também para investir. Caso queira alugar a residência, o proprietário conta com o apoio do Itacaré Village que, junto com a administradora, cuidam do check-in.
Os investidores também apostam no crescimento do turismo no local com a construção de um novo aeroporto em Ilhéus, que ficará mais próximo a Itacaré, facilitando ainda mais o deslocamento até a cidade. Outro ponto alto é que as pessoas, além da privacidade, têm opção de ir a praias próximas como São José e Prainha.
Dentro do condomínio há estrutura de recreação com aulas de surfe, capoeira, artesanato, ioga, alongamento, passeios ecológicos por dentro da mata e trilhas para outras praias, sempre acompanhadas pelo guia do hotel. Na Ilha do Canoeiro os hóspedes contam ainda com salão de jogos com mesas de bilhar, pingue-pongue e pebolim, além de campo para futebol. O restaurante Grauçá fica de frente para a praia de São José é charmoso, tem boa música que saem das caixas acústicas e excelente comida.
Quem quiser ir para o centro, durante todo o dia a van leva os turistas para a rua da Pituba e depois volta para buscar, sempre com horários pré-determinados por eles. A dica é escolher um bom restaurante e colocar o papo em dia. Depois de forrar o estômago, a turma toda segue para os forrós da cidade, onde turistas aprendem a dançar com os nativos numa mais completa troca e compartilhamento de culturas. O Mar e Mel é um dos mais conhecidos, com mesas no salão coberto ou no quintal.
Depois de desfrutar das belezas de Itacaré, difícil mesmo é ter de voltar para casa, após as férias. Ainda bem que restam boas lembranças para guardar na memória!
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