Publicado na revista Metropolis em julho 2008
Oslo: história nas ruas e nos museus
Capital norueguesa é destino ideal para quem gosta de história viva, além de ter vida noturna agitada, fiordes e luxo
Quantas pessoas entre as que você conhece já foram para a Noruega? Pois é. Um dos países da Escandinávia, ao lado da Suécia, Dinamarca e Finlândia (em algumas classificações), a Noruega não é um dos destinos europeus mais disputados para se passar as férias, principalmente para quem não tem disposição de se enfiar embaixo de grossos casacões para combater o frio. Frio, aliás, que existe durante a maior parte do ano, já que os termômetros registram temperaturas abaixo de zero.
Bom, mas eu fui para a Noruega e vou contar como foi esta experiência para você, caro leitor.
Pela estrada afora...
Antes de me aventurar pelo país, tratei de buscar informações sobre o idioma (o inteligível norueguês pode ser facilmente substituído pelo inglês em qualquer lugar da cidade) e também sobre o clima. Em maio, em plena primavera, Oslo, a capital do país, tinha a temperatura por volta de 15 graus. Em São Paulo, poderia se pensar que estava frio, mas debaixo do sol e com o clima seco era possível usar saias e sandálias rasteiras, tal como usavam as norueguesas que passeavam nos parques e nas praças da cidade.
Já que cachecol e botas forradas não foram necessários, vamos aproveitar o que Oslo tem a oferecer! A primeira coisa que se nota é a sua organização. Quando cheguei ao aeroporto, tomei um trem para o centro e logo me avisaram: o trajeto demora 19 minutos. Preciso, assim!
Esqueça a idéia fixa de ir para lá e comer bacalhau. O peixe de águas frias é bem feito por nós, que incrementamos o prato e deixamos o almoço de domingo mais saboroso. Os noruegueses sabem pescar o peixe e exportá-lo. Para consumo, eles preferem o salmão (que, de fato, é saborosíssimo) e a carne de alce (essa, desculpe, não tive coragem de experimentar).
Além da pesca, a economia do país gira em torno da exportação de madeira e do comércio costeiro. Não raro, é comum percebermos que os containeres que chegam ao porto de Santos são provenientes daquele país. São navegantes natos de primeira categoria. Outra fonte de renda é o petróleo, cuja exportação só perde para os gigantes Arábia Saudita e a Rússia.
Outro ponto histórico que conhecemos da Noruega é o fato de os povos vikings terem saído de lá e ajudaram a colocar o país no mapa por volta do século 11. A Era Viking foi um período importante para a formação da cultura norueguesa e para a mitologia nórdica como um todo.
Oslo é a maior cidade do país e a capital desde 1299. É lá, aliás, onde é entregue o Prêmio Nobel da Paz e, de acordo com o The Economist, é a segunda cidade mais cara do mundo, depois de Tóquio. Como permanece fora da União Européia, a moeda do país é o NOK, ou coroa norueguesa (em maio, a cotação era 3 NOKs para 1 Real).
Já que no hemisfério norte os dias são mais longos no verão (e mais curtos no inverno), só escurece a partir das 11 da noite (e amanhece a partir das quatro). Então, é comum as pessoas saírem para curtirem a noite na cidade, encontrarem os amigos nos pubs, nos cafés, nas praças. Enquanto eu jantava, reparei que algumas mães levavam seus bebês para passearem de carrinho por volta de 10 da noite. E ainda havia sol brilhando no céu!
Por ser plana e pacata, é fácil de se locomover em Oslo, principalmente a pé e com total segurança. No miolo da cidade onde está localizado o Parlamento (que abriga os 169 representantes que são eleitos democraticamente no país todo), é possível conferir a arquitetura européia, os prédios antigos. Na rua de trás, as lojas de grifes são imponentes e, por uma fração de segundo, há de se imaginar que aquela é a Champs-Élysées parisiense...
Há também por ali uma praça em frente ao Grand Hotel (um dos mais tradicionais) onde as pessoas costumam deitar para tomar sol tal como estivessem na praia, e ainda desfrutar dos bares e restaurantes que ficam perto. Por falar em Grand Hotel, o prédio tem estilo Luis 16 e foi inaugurado em 1874. Por dentro, porém, é um luxo só!
Ainda na rua principal há opções com vida noturna agitada. Uma dica é o Hard Rock Cafe. Na unidade de Oslo, inaugurada em dezembro de 2005, é possível conferir comida americana cercado de uma atmosfera rock 'n' roll. Entre os itens memoráveis, há peças de Madonna e No Doubt, além de Elvis Presley, Jimi Hendrix, Led Zeppelin e Rolling Stones.
Na noite em que estive no local, havia uma banda de rock tocando ao vivo do lado de fora que chamou atenção de muitas pessoas. Do lado de dentro, música do mais puro rock and roll para ninguém botar defeito. O restaurante também presta homenagem à banda AHA e a outros noruegueses de destaque. Há guitarras, bateria, roupas dos artistas.
Na Oslo City Hall (Oslo rådhus), localizada em frente ao porto, está o corpo administrativo da cidade e onde fica o Conselho Municipal. Inaugurado em 1950 em comemoração ao 950º aniversário da cidade, o ambiente é decorado pelos primeiros artistas noruegueses do período 1900-1950 com motivos da história, da cultura e da vida ativa da Noruega.
O porto de Oslo, aliás, tem muitas atrações. Localizado no fiorde de Oslo, a área do porto é um dos destinos populares tanto dos turistas quanto dos moradores. É comum ver senhoras sentadas nos bancos próximos ao mar e às tulipas tricotando, conversando e há jovens deitadas, deixando o sol esquentar a pele.
Próximo ao porto, está o Nobel Peace Center que existe desde 2005. As exibições prestam homenagem aos Prêmios Nobel e ao inventor sueco Alfred Nobel. Como ele mesmo desejava, o Nobel Peach Prize é concedido todos os anos em Oslo “para a pessoa que tenha feito o maior ou melhor trabalho para a fraternidade entre as nações, para a abolição ou a redução de exércitos e para a terra arrendada e a promoção da paz”.
Mil anos atrás
Por ser um das capitais escandinavas mais antigas, sua história remonta mil anos atrás, quando os primeiros estabelecimentos foram construídos na entrada do fiorde de Oslo. Após o grande fogo que destruiu a cidade em 1624, o rei dinamarquês Christian IV decidiu reconstruir a cidade no tijolo e na pedra, e deu à cidade o nome Christiania. Trezentos anos mais tarde, em 1925 portanto, os cidadãos decidiram rebatizar a cidade, que ganhou o nome que leva até hoje.
A população do país é pequena, somando cerca de cinco milhões de habitantes. Para se ter uma idéia, só a cidade de São Paulo tem quase 20 milhões! Como não é um destino muito procurado por estrangeiros, não é necessário visto, a não ser que o objetivo seja permanecer mais de 90 dias. Já Oslo tem 500 mil habitantes e a cidade é caracterizada por uma mistura de arquitetura velha e nova, de parques, montes, museus, monumentos, lagos, florestas e do fiorde.
Como há pouca gente, apenas em Oslo os visitantes se deparam com pessoas nas ruas. Por dentro do país (andei por uma hora e meia para fora da cidade) é ainda mais pacato, não se vêem pessoas passeando nas ruas. Aliás, isso é muito comum nas cidades européias que não são as grandes metrópoles. Os moradores da cidade, principalmente no verão, aproveitam os dias de sol para ficar fora de casa, fazer piquenique nas praças e parques. Com pele, cabelos e olhos claros (mais uma herança dos vikings, já que não houve miscigenação), os noruegueses mudam completamente as suas rotinas nos meses quentes.
Dicas de passeios
Catedral de Oslo (Domkirke) – Igreja do século 17 localizada no coração da cidade.
Royal Palace Real (Slottet) – é uma grande estrutura localizaliza na rua principal. O palácio é a residência oficial da monarquia norueguesa desde 1849. Os visitantes podem fazer um tour no prédio.
Historisk Museum - história norueguesa da idade da pedra até o período medieval, passando pela era viking.
Nasjonalgallerriet - galeria de arte com obras de Munch, como “The Sick Child” e “The Scream” (“O Grito”). Há também exemplares de Picasso, Monet, Cézanne, Renoir, Manet, Rodin.
Hjemmefrontmuseet Norges (Museu da Resistência Norueguesa) - mostra desde o dia da invasão nazista na Noruega até a queda de Hitler. Há fotos, documentos, gravações, pôsteres.
Arkershus Slott - castelo reconstruído por conta de batalhas que aconteceram por ali.
Vigelandsparken – um dos 400 parques da cidade, tem mais de 200 esculturas de Gustav Vigeland representando os vários estilos da vida humana.
Kon-Tiki Museet - expõe o barco de papiro Ra II feito pelo navegador norueguês Thor Heyerdahl utilizado na travessia do Atlântico.
Frammuseet - expõe o navio Fram, utilizado em diversas expedições árticas.
Sjofartsmuseum (Museu Marítimo) - barcos em miniatura e vídeo projetado num telão mostrando um sobrevôo pelas Ilhas Lofoten.
Vikingskipshuset (Museu do Barco Viking) - São três barcos vikings achados em uma escavação, sendo dois deles em bom estado de conservação. O mais imponente chama-se Oseberg e serviu para enterrar uma rainha e seus utensílios, hoje expostos no fundo do museu.
Norsk Folkemuseum (Museu da Cultura Histórica Norueguesa) - São diversas casinhas típicas norueguesas dos séculos 17 e 18 dispostas em ordem cronológica e ambientadas como na época em que foram construídas.
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