Se não for em um bistrô, é nos cafés de Paris que a vida acontece. É lá que as pessoas fazem uma pausa, marcam encontros, fecham negócios. E é lá, claro, que estão os sabores da cidade: os doces, os chás, os cafés... E o melhor: em cada esquina tem um. Ou quatro. Ou vários no mesmo quarteirão. Por isso, o bom é escolher um que seja aconchegante, um que você goste e pronto: sente-se e aproveite.
Ainda que exista a rede Starbucks na cidade, eu passo longe. Starbucks não tem a cara de Paris. Starbucks me lembra fast-food, me lembra Londres, os filmes americanos. Para não dizer que nunca fui, em um dia de calor estava perto de um em La Defense e fui comprar um Frappuccino. Foi a foto do cartaz colocado na entrada que me convenceu a escolher a bebida. Ela parecia tão refrescante...
No entanto, no cardápio, uma anotação: a bebida não estava sendo vendida, pois não tinha café. Ora, uma cafeteria que não tem café... fecha a porta, não é? Bom, mas no final das contas acabei pedindo a bebida feita com chá. Me refresquei e fui embora. Nunca mais voltei.
Em outro café, o Angelina, fui com umas amigas, em um dia de frio, tomar o famoso chocolate quente. O Angelina fica na rue de Rivoli e existe desde 1903. O local era um ponto de encontro da aristocracia parisiense e por lá passaram gente como Proust, Coco Chanel e outros costureiros renomados. O salão é enorme, não tem nada de aconchegante. Os banheiros, então, uma catástrofe -- pior que de boteco em fim de expediente.
Minha visita ao local, porém, não foi lá sensacional. Chegamos às 18h30 e o garçom nos avisou que o salão fechava às 19h. Sem problemas. Fomos rápidas. Pedimos algo para comer e o tal chocolate. O horário de fechamento se aproximava e nada de o garçom nos trazer os pedidos. Enfim, ele trouxe o chocolate. E o Croque-monsieur nada de chegar.
Novamente, chamamos o garçom para cobrar o pedido. Claro que ele demorou para nos atender, mas, enfim, nos disse que o pessoal da cozinha tinha ido embora às 18h30.
Ele só poderia estar de brincadeira. E sua risada nervosa ao dar a notícia comprovava isso. Ele não teria feito a gente se sentar, pedir, esperar tanto tempo, para meia hora depois nos informar que continuaríamos com fome.
Quando vimos o gerente se aproximando de nossa mesa, percebemos que a má notícia era verdadeira. Não havia mais ninguém na cozinha e o Croque-monsieur não viria.
Desoladas, pedimos a conta, pagamos e fomos embora. Antes de partirmos, porém, o gerente entregou um pacotinho para cada uma de nós: eram quatro macarons sortidos.
Até que ele tentou consertar o problema, mas saí de lá com uma certeza: os cafés menos famosos atendem melhor os clientes, ainda que a fama dos garçons parisienses não seja a das melhores. O chocolate pode ser bom, mas deixou um gosto azedo na boca que não passou nem com os deliciosos macarons.
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