O clima é de decepção, de humilhação geral. Após a eliminação da França da Copa do Mundo 2010, depois da derrota para a África do Sul por 2 a 1, os franceses ficaram desolados. Mas, no fundo, já se sabia que este não era o ano da França e que, após o fiasco do primeiro jogo contra o Uruguai (empate sem gols), apenas um milagre poderia salvar a equipe. Afinal, matematicamente, antes do jogo contra os anfitriões, a França não estaria completamente eliminada. Isso porque era necessário ganhar dos Bafana Bafana e torcer pelo resultado de Uruguai e México.
A verdade é que os torcedores e a própria imprensa francesa nunca engoliram o técnico dos bleus (azuis, como é chamada a da seleção da França, por conta do uniforme), Raymond Domenech. Ele assumiu sua responsabilidade pela maneira como jogou a França. Aliás, em três jogos, saiu apenas um gol, marcado por Malouda.
Diferentemente do Brasil, a França não é o país do futebol, portanto a vida aqui continua... pelo menos na capital Paris, onde as pessoas continuam indo trabalhar normalmente (e enfrentando a segunda greve geral no período de quatro semanas) nessa quinta, 24, e torcendo para o time que pode ganhar a Copa. Se for o Brasil, um tanto melhor, pois a seleção canarinho e a da Espanha foram as apostas do ano por aqui. Quando digo que sou brasileira em algum lugar, em Paris, logo se lembram de Robinho e Kaká, mais até que de Ronaldo e Pelé, como era outrora.
A decepção, estampada nas capas dos jornais de quarta, 23, tomou conta dos noticiários. As reportagens falavam sobre o próximo passo, e até a secretária de esportes, Rama Yade, falou ao vivo sobre a tristeza de ter de voltar mais cedo da África do Sul. E, para finalizar, propõe uma nova alternativa para as próximas competições e que cada jogador deve honrar a camisa que veste e ser patriota de verdade quando canta “A Marselhesa” (o hino nacional francês). É a tal mistura de futebol e política que, como bem sabemos no Brasil, não funciona.
Na edição do dia 23, o “Direct Soir”, jornal que circula após às 16h nas estações de metrô de Paris (e que é editado pelo gigante “Le Monde”), uma página inteira é dedicada para a équipe de France. O artigo comenta que o time “deixou o mundial sem um pingo de honra”. E mais: “para o futebol francês, reduzido a um patético campo de ruínas, a obra é enorme”, principalmente para reverter a imagem que nem mesmo os franceses suportam.
No fim de semana passado, o jornal “L’Equipe” estampou na capa uma frase, digamos, nem um pouco politicamente correta, que o jogador Nicolas Anelka (expulso do time) teria dito a Raymond Domenech no intervalo do jogo contra o México, que terminou em 2 a 0 para os latinos.
Enfim, o lema é olhar para frente. Domenech deixa o cargo e passa a batuta para o campeão do mundo de 1998, Laurent Blanc, comandar a orquestra. O contrato ainda não foi assinado, mas é uma questão de poucos dias. A partir de então, acredita-se que uma nova era terá início no futebol francês. É esperar para ver.
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